Companhias aéreas pedem aos governos que liberem US$ 6 bilhões em receitas retidas

O órgão comercial mundial para companhias aéreas, a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), disse que cerca de US$ 6 bilhões em ativos de seus membros estão atualmente presos em mais de 27 países e territórios ao redor do mundo.

Segundo a organização, o valor aumentou US$ 395 milhões apenas nos últimos seis meses. Ele pediu aos governos que levantem as barreiras que atualmente impedem as companhias aéreas de repatriar as receitas que obtêm com a venda de passagens aéreas, espaço de carga e outras atividades.

A questão chegou às manchetes no início de novembro, quando a Emirates, com sede em Dubai – uma das maiores companhias aéreas internacionais do mundo – novamente voos suspensos de e para a Nigéria devido à quantidade de fundos retidos lá. A transportadora tinha apenas retomado seus serviços ao país em setembro, após a liberação de alguns recursos.

O diretor-geral da IATA, Willie Walsh, alertou que mais companhias aéreas podem sair de alguns países se a situação não começar a melhorar.

“Impedir que as companhias aéreas repatriem fundos pode parecer uma maneira fácil de proteger os tesouros esgotados, mas, em última análise, a economia local pagará um preço alto”, disse ele. “Nenhuma empresa pode sustentar a prestação de serviços se não puder ser paga e isso não é diferente para as companhias aéreas.”

O pior infrator é a Venezuela, onde cerca de US$ 3.8 bilhões em fundos de companhias aéreas estão atualmente bloqueados, um número que vem crescendo há muitos anos.

O governo de Caracas implementou controles cambiais em 2003, o que exigia que as companhias aéreas buscassem aprovação oficial para transferir fundos para fora do país. Em 2013, o valor das solicitações começou a superar as aprovações. Houve apenas uma aprovação em 2015 e a última vez que uma repatriação de fundos foi autorizada foi no início de 2016, segundo a IATA.

Cerca de US$ 2 bilhões estão presos em outras partes do mundo, com os países mais problemáticos espalhados pela África, Ásia e Oriente Médio.

Cerca de US$ 551 milhões em receitas estão atualmente bloqueados na Nigéria, enquanto outros US$ 225 milhões em fundos estão presos no Paquistão e US$ 208 milhões em Bangladesh. Também há problemas significativos para as companhias aéreas no Líbano e na Argélia, onde US$ 144 milhões e US$ 140 milhões, respectivamente, estão bloqueados.

A IATA disse que as autoridades nigerianas estão conversando com as companhias aéreas para encontrar maneiras de resolver a situação lá - que começou em março de 2020, quando a demanda por moeda estrangeira no país começou a superar a oferta e os bancos do país não conseguiram atender às repatriações de moeda.

Piorando não melhor

A situação piorou muito durante o ano passado. Em agosto de 2021, a IATA disse que, excluindo a Venezuela, cerca de US $ 1 bilhão em receitas de companhias aéreas foram bloqueadas em cerca de 20 países.

Na época, o pior infrator era Bangladesh, onde pouco mais de US$ 146 milhões estavam sendo guardados. Foi seguido pelo Líbano ($ 175.5 milhões em fundos bloqueados), Nigéria ($ 143.8 milhões) e Zimbábue ($ 142.7 milhões).

A maioria dos problemas está no Oriente Médio e na África – essas regiões representavam 16 dos 23 países listado pela IATA em setembro por bloquear fundos. Em outras partes do mundo, as companhias aéreas também enfrentaram dificuldades para repatriar fundos da Rússia e da Ucrânia este ano – consequência das sanções internacionais impostas a Moscou após a invasão de seu vizinho em fevereiro.

Fonte: https://www.forbes.com/sites/dominicdudley/2022/12/09/airlines-call-on-governments-to-release-6-billion-in-trapped-revenues/