Local de nascimento dos vinhos espumantes italianos

Viajantes em direção ao Piemonte (Piemonte) região do noroeste da Itália pode visitar o berço do vinho espumante italiano, onde dois irmãos engenhosos realizaram seu sonho e mudaram a história da enologia.

Aqui, eles podem conhecer a história por trás da marca Gancia e sua notável herança de mais de 170 anos.

Há muito tempo, os vinhos espumantes são associados a ocasiões festivas – grandes e pequenas – aniversários e comemorações de aniversário, noivados e casamentos, bem como encontros informais entre amigos. Mas eles nunca foram tão populares como são hoje - como aperitivo antes do jantar, apreciado durante uma refeição e saboreado após o jantar.

Outra mudança fundamental: os espumantes italianos agora dominam este segmento de mercado, tendo ultrapassado o champanhe francês. A gama dos vinhos espumantes italianos mais conhecidos e populares internacionalmente inclui: Prosecco, Asti Spumante, Lambrusco, Trentodoc e Franciacorta.

Em termos de volume, as vendas de Prosecco lideram o pacote com uma participação de mercado estimada em 27% de todos os vinhos espumantes produzidos no mundo (Pesquisa de mercado aliada, 2021).

Para saber mais sobre essa tradição “Made in Italy” que deixou sua marca em todo o mundo, a Forbes.com conversou com Paola Visconti, gerente de marketing da Gancia:


Quando os espumantes apareceram pela primeira vez na Itália?

Paula Visconti: A história oficial da industrialização italiana reconhece o “Spumante Italiano” como tendo sua primeira aparição em 1865, ano em que Carlo Gancia, após anos de intensos estudos e experimentações, recebeu uma licença por Decreto Real (o equivalente a uma patente) para seu espumante feito exclusivamente de uvas Moscato cultivadas no sul do Piemonte.

Como Carlo Gancia se tornou o “pai” nominal dos espumantes italianos?

Repórter: Mesmo antes da unificação da Itália (1861), o fundador da nossa empresa foi atraído pelo trabalho de seu pai como enólogo e pela percepção de que, mesmo a partir de uvas simples, pode-se produzir vinho de alta qualidade.

Sua paixão o levou a estudar farmácia e química em Turim. Em 1848, deixou Turim para ir a Reims, na França, capital da produção de Champagne, onde estudou e aprendeu a técnica de fazer Champagne, chamada Método Champenois. Em 1850, voltou a

Piemonte e, com seu irmão Edoardo, fundaram sua própria vinícola que chamaram de “Fratelli Gancia”.

Eles se concentraram em produzir um vinho como Champagne, mas usando as uvas Moscato cultivadas em abundância no norte da Itália. Por 15 anos, os irmãos trabalharam para aperfeiçoar o vinho. As primeiras experiências foram satisfatórias, mas o espumante Moscatel muitas vezes apresentou instabilidade e o processo de produção foi prejudicado por muitos obstáculos.

A uva Moscatel diferia da Pinot usada em Champagne, pois a Moscatel continha um teor de açúcar mais alto. Esse maior teor de açúcar causaria pressão excessiva na garrafa e faria com que a garrafa se quebrasse em mil pedaços.

Carlo persistiu e aprendeu à medida que avançava, modificando o processo. Finalmente, depois de quase uma década, ele descobriu que a solução era eliminar os xaropes que os produtores de champanhe adicionavam ao final do processamento para criar seu vinho à base de Pinot. Em 1865, Carlo havia aperfeiçoado seu espumante, e assim nasceu o “Primeiro Espumante Italiano”. O champanhe Gancia Moscato foi exportado para o exterior em 1866.

Por que os irmãos Gancia fincaram raízes em Chivasso?

Repórter: Os irmãos Gancia estabeleceram a empresa em Chivasso (agora a cerca de 35 minutos de carro de Turim) porque tinha uma ferrovia pela qual os produtos podiam ser exportados para chegar ao resto do mundo. Foi em Chivasso que Carlo Gancia iniciou a sua experimentação.

Em 1854, os irmãos Gancia começaram a procurar locais apropriados para a produção de vinho em maior escala, localizados perto das matérias-primas de que necessitavam e das ferrovias. Acabaram alugando duas instalações no Piemonte, que transformaram em adegas para suas produções: uma em Santo Stefano Belbo, perto de uma estação de trem, e outra em Canelli.

Alguns anos depois, esses locais se transformaram em operações em grande escala e logo os vinhos Gancia estavam partindo da estação ferroviária para destinos distantes.

Quando os vinhedos do Piemonte foram reconhecidos pela UNESCO?

Repórter: Em 2014, as paisagens vinícolas de Piemonte-Langhe, Roero e Monferrato foram nomeadas Patrimônio Mundial da UNESCO em reconhecimento à longa história de viticultura e vinificação da região. Foi durante o Império Romano que Plínio, o Velho, e o geógrafo grego

Strabo mencionou o Piemonte como uma das áreas mais favoráveis ​​para o cultivo de uvas na Itália.

A designação da UNESCO consiste em seis componentes: O Langa de Barolo, O Castelo de Grinzane Cavour, As Colinas de Barbaresco, Nizza Monferrato e Barbera, Canelli e Asti Spumante e O Monferrato de Infernot. A zona “Canelli e Asti Spumante” é onde se encontra a adega de Gancia, com as suas grutas subterrâneas.

Onde estão os vinhedos de Gancia? Os viajantes podem visitar as adegas históricas?

Repórter: Hoje, a Casa Gancia não possui vinhedos próprios, mas conta com seus relacionamentos de longa data com cerca de 200 produtores para selecionar e adquirir uvas de diferentes territórios (por exemplo, territórios de Alta Langa e Asti DOCG).

O reconhecimento da UNESCO aumentou o número de turistas nacionais e internacionais no território, ampliando e fortalecendo a reputação da marca Gancia em todo o mundo. Os visitantes são bem-vindos para visitar nossa histórica "Catedral Subterrânea" de Gancia (o nome reverente para a caverna). As reservas podem ser feitas com antecedência enviando um pedido para: [email protegido]

Uma última pergunta: você pode explicar o “surto de crescimento” dos espumantes italianos?

Repórter: O Prosecco impulsionou o crescimento do vinho espumante nos últimos anos, em parte graças ao sucesso do momento aperitivo. A popularidade dos coquetéis spritz gradualmente atraiu alguns consumidores para entusiastas de Prosecco mais sofisticados e, a partir daí, para outros vinhos espumantes de qualidade.

O novo Prosecco Rosé, em seu segundo ano, também ajudou a impulsionar o crescimento.

Em geral, os consumidores estão cada vez mais informados e curiosos. Além disso, eles, especialmente os mais jovens, procuram um estilo mais leve, mais potável, com menos fermentação em barris e menor teor alcoólico. Essas bebidas borbulhantes oferecem não apenas versatilidade, mas também qualidade a preços acessíveis.


Nota: Esta conversa foi ligeiramente editada e condensada para maior clareza.

Fonte: https://www.forbes.com/sites/irenelevine/2022/07/21/the-gancia-cellars-birthplace-of-italian-sparkling-wines/