COP 27 – Cinco principais conclusões

Equipe de Transição Energética da Wood Mackenzie.

A preparação para a COP27 não foi auspiciosa. Apenas 26 dos 193 países haviam firmado promessas – feitas há um ano em Glasgow – para reduções de emissões em 2030, enquanto a guerra Rússia/Ucrânia interveio dramaticamente para mudar as prioridades de curto prazo. Então, o que Sharm El-Sheikh entregou e onde decepcionou? Prakash Sharma, Elena Belletti e Nuomin Han, da equipe de Transição Energética de Wood Mackenzie, compartilham suas cinco principais conclusões.

Primeiro, um reequilíbrio do trilema da energia. A COP27 foi fortemente influenciada pelas necessidades políticas imediatas de segurança energética e acessibilidade. Mas o progresso em uma agenda mais rápida e orientada para a sustentabilidade que foi iniciada no ano passado diminuirá, pelo menos no curto prazo. Em vez disso, Sharm El-Sheikh enfatizou metas de longo prazo para manter vivo um caminho de 1.5 °C alinhado com o Acordo de Paris.

As propostas para desenvolver o compromisso da COP26 de reduzir gradualmente o carvão (visto como um prelúdio para os combustíveis fósseis em geral) não conseguiram encontrar um consenso. Os principais consumidores de energia hesitaram, juntando-se ao coro existente de nações produtoras. A crise energética significa que os combustíveis fósseis podem desempenhar um papel maior na solução para a crise energética nos próximos anos.

Implicações: A COP27 sinalizou que os esforços mundiais em relação às mudanças climáticas estão mudando da mitigação para a adaptação. Com os combustíveis fósseis ainda muito presentes, mais CCS ou tecnologias alternativas de remoção de carbono serão necessárias para atingir zero líquido até 2050. A boa notícia é que o apoio do governo para CCS acelerou (45Q nos EUA e incentivos fiscais e apoio financeiro em Europa, Canadá, Austrália e Malásia, por exemplo).

Em segundo lugar, a reparação de perdas e danos. Financiamento adicional será disponibilizado para países vulneráveis ​​aos efeitos da mudança climática. Com temperaturas extremas, secas, inundações, tempestades e incêndios florestais cada vez mais frequentes, os países em desenvolvimento exigiram compromissos mais fortes no financiamento da adaptação.

Implicações: um grande passo em direção a uma transição justa e equitativa. O que ainda não está claro é quanto dinheiro se materializará. As economias desenvolvidas ficaram aquém da meta anual de financiamento climático acordada em 2009, com apenas US$ 83 bilhões levantados em 2020 do compromisso de US$ 100 bilhões. Os países membros concordaram em estabelecer uma nova estrutura para o fundo de adaptação a tempo da COP28 em 2023, e os contribuintes e destinatários serão determinados então.

Os requisitos financeiros podem ser enormes. Alguns estudos projetam que apenas o custo da adaptação ficará próximo de US$ 400 bilhões por ano, enquanto o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) estima o custo da mitigação em três a seis vezes mais do que os fluxos de capital até agora comprometidos.

Um risco para os signatários pode ser uma proliferação de ações judiciais relacionadas a danos históricos relacionados ao clima.

Terceiro, mercados voluntários de carbono. Infelizmente, houve pouca ação concreta. Os governos adiaram para o próximo ano a assinatura de um acordo para melhorar a regulamentação que tornaria o comércio de carbono mais transparente. A redação atual pode levar à contagem dupla, uma vez que governos e empresas não são obrigados a divulgar detalhes sobre seus negócios de reduções de emissões. O novo órgão fiscalizador ficou encarregado de fazer uma nova proposta sobre o tema a ser considerada na COP28.

Implicações: as iniciativas privadas e regionais estão florescendo, apesar da lentidão dos governos. Os EUA, na ausência de um imposto nacional sobre o carbono, estão considerando a introdução do Acelerador de Transição Energética, que faria com que as empresas americanas compensassem suas emissões comprando créditos de carbono de países de baixa renda dependentes de combustível. A Índia e a Arábia Saudita tomaram medidas para estabelecer registros e comércio de carbono nacionais. E Cingapura lançou sua Iniciativa de Armazém de Carbono, com a ambição de se tornar o principal mercado para todos os créditos internacionais.

Em quarto lugar, as promessas de metano estão ganhando força. Um elemento-chave no combate às mudanças climáticas é o metano, que é responsável por 30% do aquecimento global. Apenas mais cinco países aderiram ao Compromisso Global do Metano na COP27. O total de endossos de países é agora de 151 (incluindo membros da UE), acima dos pouco mais de 100 após a COP26.

Implicações: A economia de metano pode realmente reduzir a lacuna de 2030 nas reduções de emissões de carbono. Embora ainda haja trabalho a ser feito para cumprir as promessas de metano, os países ainda parecem comprometidos. A Lei de Redução da Inflação da Administração Biden inclui um imposto sobre o vazamento de metano. Enquanto isso, o novo presidente do Brasil, Lula da Silva, se comprometeu com o desmatamento zero até 2030, um apoio que pode ser crucial para salvar a biodiversidade global.

Quinto, o papel das finanças. A COP27 destacou mais uma vez que o financiamento é crucial para uma economia global estável. Apesar de acesso ao financiamento melhorou no ano passado, a mudança climática está competindo com outras crises globais, desde a inflação e a escassez de energia até o aumento do custo do capital. Não há dinheiro suficiente indo para os setores certos da economia a tempo de desenvolver as tecnologias do futuro e abandonar o vício do hidrocarboneto.

Implicações: Se os governos das principais economias e instituições globais, como o Banco Mundial e o FMI, puderem deixar de lado as diferenças e colaborar, as finanças poderão fluir. A liderança será o catalisador.

Fonte: https://www.forbes.com/sites/woodmackenzie/2022/11/23/cop-27–five-key-takeaways/