A corrupção está alimentando a violência no Oriente Médio, diz a Transparência Internacional

A organização anticorrupção Transparency International alertou que os custos da corrupção em todo o mundo continuam altos e a situação está, em muitos casos, piorando do que melhorando.

No último Índice de Percepção de Corrupção da organização sediada em Berlim, publicado hoje, ele disse que 124 países têm níveis de corrupção estagnados, enquanto o número de países em declínio está aumentando.

O índice usa mais de uma dúzia de fontes de informação para pontuar os países em uma escala de 0 a 100 pontos, onde 100 é muito limpo e 0 é altamente corrupto. A Dinamarca, no topo do ranking, tem 90 pontos, enquanto no outro extremo da escala a Somália tem apenas 12 pontos. Em média, os países marcam apenas 43 pontos – um nível que permanece inalterado nos últimos 11 anos. Mais de dois terços dos países marcam menos de 50 pontos.

A nível regional, a Europa Ocidental lidera, com uma pontuação média de 66 pontos. Por outro lado, a África Subsaariana marca menos da metade disso, com apenas 32 pontos cada. Enquanto 25 países ao redor do mundo melhoraram sua pontuação no ano passado, incluindo Angola, Maldivas e Vietnã, cerca de 31 países viram sua pontuação cair, incluindo Canadá, Malásia e Reino Unido.

Os países da África e do Oriente Médio dominam a parte inferior da tabela. Entre os dez países com classificação mais baixa, três são da região MENA – Líbia, Iêmen e Síria – enquanto outros quatro são da África subsaariana – Burundi, Guiné Equatorial, Sudão do Sul e, logo no final da lista, a Somália. Esses países se juntam entre os dez últimos pelo Haiti, Coréia do Norte e Venezuela.

No topo da tabela, os países ricos da Europa Ocidental e da região Ásia-Pacífico dominam, com Dinamarca, Nova Zelândia e Finlândia ocupando os três primeiros lugares.

Declínio regional para o Oriente Médio

Algumas regiões também estão indo na direção errada, com a pontuação média no Oriente Médio e Norte da África (MENA) caindo para um novo mínimo de 38 pontos.

O país menos corrupto do Oriente Médio são os Emirados Árabes Unidos, classificados em 27º lugar juntamente com o Chile com 67 pontos. No entanto, a Transparency International alertou sobre os Emirados Árabes Unidos e outros países relativamente bem classificados em seu relatório, como o Catar (40º classificado, com 58 pontos), dizendo que suas pontuações caíram no ano passado em meio a uma pressão dos países do Golfo para voltam-se para o “hipernacionalismo” e restringem o espaço para o engajamento cívico.

“Os Emirados Árabes Unidos continuam sendo o maior pontuador da região, mas começaram a mostrar sinais preocupantes de declínio. Embora seu governo tenha tomado medidas para aumentar a eficiência da administração pública, ainda há pouca transparência e faltam mecanismos de proteção contra a corrupção e outros abusos”, afirma o relatório.

No caso do Catar, a Transparency International disse que “embora pequenos delitos de corrupção sejam regularmente punidos, faltam mecanismos independentes para detectar e prevenir a corrupção sistêmica”. Ele acrescentou que a legislação anticorrupção às vezes é mal utilizada para atingir críticos e denunciantes, como Abdullah Ibhais, funcionário do comitê organizador da Copa do Mundo que foi preso por três anos depois de divulgar abusos contra trabalhadores migrantes; ele foi condenado por suborno e uso indevido de fundos.

“A corrupção política tornou-se endêmica em toda a região árabe. Os governos estão consolidando o controle, restringindo direitos e liberdades básicos, agitando a agitação cívica e direcionando recursos para longe de mecanismos anticorrupção críticos e estruturas de integridade política”, diz Kinda Hattar, consultora regional MENA da Transparency International. “Até que os líderes se posicionem para proteger os direitos e as vozes das pessoas em toda a região, a espiral mortal de corrupção e violência continuará a crescer.”

De acordo com a Transparência Internacional, o problema generalizado de corrupção na região MENA está intrinsecamente ligado à violência observada em muitos dos países da região.

A região “exemplifica as inúmeras maneiras pelas quais a corrupção e a violência alimentam uma à outra”, afirmou em seu relatório. “Muitos estados foram construídos sobre sistemas corruptos que capacitam poucos e empregam wasta (favoritismo) e subornos, estratificando sociedades e criando queixas que levam a conflitos e derramamento de sangue.”

O relatório também observou como, em toda a região, havia falta de transparência nos orçamentos de segurança do estado, o que permitia que os fundos fossem gastos sem escrutínio público e, em alguns casos, redirecionados por agentes corruptos.

Fonte: https://www.forbes.com/sites/dominicdudley/2023/01/31/corruption-is-fueling-violence-across-the-middle-east-says-transparency-international/