Dos lucros ao pagamento, os segredos de ouro do JPMorgan se espalham no tribunal

(Bloomberg) -- O julgamento do ex-chefe de metais preciosos do JPMorgan Chase & Co. ofereceu insights sem precedentes sobre a mesa de operações que domina o mercado global de ouro.

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Michael Nowak, que administrou a negociação de metais preciosos no JPMorgan por mais de uma década, está sendo julgado em Chicago junto com os colegas Gregg Smith e Jeffrey Ruffo por conspirar para manipular os mercados de ouro e prata. O foco agora está no júri, que começou as deliberações na sexta-feira, mas os procedimentos já trouxeram uma nova luz sobre o funcionamento interno do negócio, desde sua lucratividade e participação de mercado até seus maiores clientes.

Lucros Anuais

Ao tribunal foram mostrados números internos detalhando os lucros anuais do banco com metais preciosos, a primeira vez que essas informações detalhadas foram divulgadas. Os relatórios de lucros do JPMorgan não divulgam os resultados da mesa de metais preciosos, ou mesmo de sua unidade de commodities mais ampla. Um porta-voz se recusou a comentar as revelações no julgamento.

Em resumo: o negócio é um gerador de dinheiro consistente para o JPMorgan, alcançando lucros anuais entre US$ 109 milhões e US$ 234 milhões por ano entre 2008 e 2018. A maior parte disso vem das negociações nos mercados financeiros, mas o banco faz muitos negócios físicos como Nós vamos. O comércio e o transporte de metais preciosos físicos rendem ao banco cerca de US$ 30 milhões por ano, em média.

Ainda assim, os lucros divulgados no julgamento foram ofuscados mais recentemente: em 2020, o JPMorgan faturou US$ 1 bilhão em metais preciosos, pois a pandemia criou oportunidades de arbitragem sem precedentes, segundo pessoas familiarizadas com o assunto.

Fatia de mercado

O JPMorgan detém dezenas de bilhões de dólares em ouro em cofres em Londres, Nova York e Cingapura. É um dos quatro membros de compensação do mercado de Londres, onde os preços globais do ouro são estabelecidos pela compra e venda de metais mantidos em alguns cofres de Londres – incluindo o JPMorgan e o Banco da Inglaterra.

O JPMorgan é o maior player entre um pequeno grupo de “bancos de ouro” que dominam os mercados de metais preciosos, e documentos internos apresentados pelos promotores forneceram um vislumbre do papel dominante que o banco desempenhou.

Em 2010, por exemplo, 40% de todas as transações no mercado de ouro foram compensadas pelo JPMorgan.

Grandes bônus

Os principais funcionários de metais preciosos do JPMorgan na mesa foram remunerados generosamente, e alguns jurados engasgaram quando o tribunal foi informado de quanto os réus haviam ganhado.

Ruffo, o vendedor de fundos de hedge do banco, recebeu US$ 10.5 milhões de 2008 a 2016. Smith, o maior negociador de ouro, recebeu US$ 9.9 milhões. Nowak, seu chefe, tirou o máximo proveito de tudo: US$ 23.7 milhões no mesmo período.

Seu pagamento estava ligado aos lucros que eles faziam para o banco. O agente do FBI Marc Troiano, citando dados internos do JPMorgan, disse ao tribunal que o lucro total alocado a Ruffo de 2008 a 2016 foi de US$ 70.3 milhões. Smith gerou cerca de US$ 117 milhões no mesmo período, enquanto Nowak faturou US$ 186 milhões para o banco, incluindo US$ 44 milhões em 2016.

Clientes Chave

Fundos de hedge como Moore Capital, Tudor Investment Corp e a empresa de mesmo nome de George Soros foram alguns dos clientes mais importantes da mesa. Ter acesso a esses clientes foi a principal razão para manter Ruffo após a aquisição do Bear Stearns pelo banco, de acordo com o ex-operador Christian Trunz, que testemunhou contra seus ex-chefes e se referiu a Ruffo como o melhor vendedor de Wall Street. Ser um dos principais clientes do JPMorgan veio com vantagens: os funcionários dos fundos poderiam receber ingressos gratuitos para o US Open, de acordo com mensagens envolvendo Nowak mostradas durante o teste.

Outro conjunto de clientes importantes foram os bancos centrais, que negociam ouro por suas reservas e estão entre os maiores players do mercado de ouro. Pelo menos dez bancos centrais mantinham seu metal em cofres administrados pelo JPMorgan em 2010, de acordo com documentos divulgados no tribunal.

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Fonte: https://finance.yahoo.com/news/profits-pay-jpmorgan-gold-secrets-210000125.html