Petrobras se prepara para alvoroço político quando conselho aprova dividendo de US$ 8.5 bilhões

(Bloomberg) -- A Petrobras anunciou outro grande pagamento de dividendos, recompensando os acionistas em um momento de crescente preocupação de que o retorno de Luiz Inácio Lula da Silva ao poder no Brasil interromperá a bonança.

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O conselho da estatal de petróleo aprovou dividendos de R$ 3.3489 por ação, totalizando R$ 43.7 bilhões (US$ 8.5 bilhões), de acordo com um documento regulatório na quinta-feira. A empresa também divulgou lucro líquido de 46.1 bilhões de reais no terceiro trimestre, abaixo do trimestre anterior, mas superior ao ano anterior, informou em um documento separado.

Políticos de Washington a Londres vêm atacando as companhias de petróleo por canalizar lucros inesperados para os investidores, enquanto os consumidores sofrem com os preços mais altos da energia. No Brasil, a Petrobras, com sede no Rio de Janeiro, foi atacada por todo o espectro político por não conter a inflação dos preços dos combustíveis. Lula prometeu investir mais no refino doméstico para não depender de combustível importado e fazer com que a empresa foque mais no desenvolvimento nacional.

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Embora os dividendos representem uma desaceleração do pagamento colossal de US$ 17 bilhões no trimestre anterior, isso significa que o total para 2022 é de cerca de 180 bilhões de reais, bem acima do recorde de dividendos do ano passado de 101.4 bilhões de reais.

“É quase impossível para a Petrobras sustentar pagamentos aos titulares nesses níveis”, disse Leonardo Rufino, gerente de portfólio da Mantaro Capital, no Rio de Janeiro. “Agora o foco vai mudar para as indicações de Lula e, se um nome razoável for escolhido, podemos começar a descartar o pior caso.”

As ações caíram 8% até agora esta semana após a vitória apertada de Lula em 30 de outubro.

O principal sindicato do petróleo do Brasil, conhecido como FUP, e uma associação de trabalhadores do petróleo que também são acionistas, a Anapetro, se comprometeram a contestar os enormes dividendos na Justiça antes mesmo de serem anunciados. Eles argumentam que os dividendos são muito maiores do que os investimentos da estatal e prejudicam seus planos de longo prazo. A Petrobras investiu US $ 7 bilhões até agora este ano, disse.

“O derramamento de sangue voltou para a Petrobras”, disse Gleisi Hoffmann, uma proeminente parlamentar e presidente do Partido dos Trabalhadores de Lula, mais cedo nesta quinta-feira. “Não concordamos com essa política que tira a capacidade de investimento da empresa e só enriquece os acionistas.”

Os dividendos são compatíveis com a sustentabilidade financeira da empresa no curto, médio e longo prazos e em linha com o compromisso de criar valor para a sociedade e acionistas, disse a Petrobras em nota. As vendas permaneceram em linha com o segundo trimestre, apesar dos preços mais baixos do petróleo, que foram compensados ​​pela maior demanda por produtos refinados no Brasil.

A Petróleo Brasileiro SA, como é formalmente conhecida, esteve no centro das eleições presidenciais do Brasil este ano. Seus lucros e pagamentos robustos foram criticados por Lula e pelo presidente Jair Bolsonaro durante a campanha.

De acordo com o JPMorgan Chase & Co., que rebaixou as ações da Petrobras para neutras de sobrepeso após a derrota de Bolsonaro, a mudança de poder traz incertezas, incluindo o que acontecerá com a política de dividendos existente.

“A bonança dos dividendos pode começar a atingir o pico se assumirmos que o novo governo se concentrará na construção de nova capacidade de refino”, disse Fernando Valle, analista da Bloomberg Intelligence, acrescentando que o próximo governo pode tomar medidas para conter a inflação dos combustíveis.

(Atualizações com detalhes do relatório de ganhos)

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Fonte: https://finance.yahoo.com/news/petrobras-set-politic-uproar-board-185443012.html