Os senadores dos EUA previsivelmente insistiram em uma ameaça tecnológica chinesa na semana passada, ao aprovar a Lei de Chips e Ciência, que destina US$ 52 bilhões para a fabricação doméstica de semicondutores. O verdadeiro obstáculo para a relocalização de chips está na amigável, mas precária, Taiwan. “Desde a década de 1980, Taiwan construiu uma cadeia de suprimentos que está a uma curta distância”, diz Mehdi Hosseini, analista de tecnologia sênior do Susquehanna International Group.
O TSMC (ticker: TSM) está no centro dessa lucrativa web. As fundições da empresa, ou fabs, eliminam metade dos microchips do mundo, três vezes mais que seu concorrente mais próximo,
Samsung Electronics
(005930. Coréia).
Manter esse domínio é caro. Mas os principais gerentes da TSMC sentiram que valeu a pena no ano passado, quando lançaram um investimento recorde de US$ 100 bilhões em três anos.
A ostentação parecia fazer sentido em 2021, quando a demanda global por chips saltou um quarto. Mas talvez não em 2023, se, como o
Grupo Gartner
prevê, o mercado vai contrair 2.5%. Os investidores se concentraram nessa previsão sombria, e não no gangbuster da TSMC resultados atuais. (A receita subiu 37% e o lucro 76%, ano a ano, no segundo trimestre.) As ações caíram 27% este ano, um pouco pior do que o
Semicondutor VanEck
fundo negociado em bolsa (SMH). Isso ainda é bom o suficiente para o TSMC ter superado os anjos caídos da internet chinesa
Tencent Holdings
(700.Hong Kong) e
Alibaba Group Holding
(BABA) como a maior empresa de mercado emergente.
A TSMC chegou onde está aderindo rigorosamente ao seu tricô. Ela fabrica chips projetados por outros — ponto. “Uma chave para a TSMC é que eles fizeram um voto de não competir com seus clientes”, diz Glenn O'Donnell, diretor de pesquisa da consultora Forrester.
A Samsung, por outro lado, se espalha a jusante por telefones e outros eletrônicos de consumo. ícone de semicondutor dos EUA
Intel
(INTC) praticamente cedeu o negócio de fundição, mas agora pretende reingressar nele com um investimento próprio de US$ 20 bilhões.
O outro lado de não competir é a forte dependência de alguns clientes-chave. Um quarto de negócios da tsmc, estima Hosseini, vem de
Apple
(AAPL), que reportou vendas e lucro trimestral que superou por pouco as estimativas.
Nvidia
(NVDA),
Qualcomm
(QCOM), e
Advanced Micro Devices
(AMD) fornecem mais 5% cada. A TSMC não poderia gastar seu caminho para diminuir as vendas de iPhones se a inflação global ou qualquer outra coisa reduzisse a demanda.
A boa notícia é que a TSMC está investindo de forma produtiva para a próxima recuperação, dizem os investidores. Cerca de 80% de sua infusão de capex é destinada a chips “de ponta” com menos de 10 nanômetros de espessura, diz Krish Sankar, analista sênior de pesquisa da Cowen. Estes custam muito mais, e a demanda por eles deve aguentar melhor. “As pessoas estão mais preocupadas com chips de ponta de negociação [mais grossos]”, observa ele.
A empresa está protegendo um pouco suas apostas geográficas, com grandes novas fábricas planejadas para os EUA e o Japão. A instalação japonesa, para a qual a TSMC está em parceria com
Grupo Sony
(SONY) e fornecedor de autopeças
Denso
(6902.Japan), está bem posicionada para alimentar o surto local de veículos elétricos, diz Hosseini.
Samsung, Intel e outras enfrentam dificuldades para ganhar terreno, alerta Chetan Sehgal, gerente de portfólio da Templeton Developing Markets Trust. “A TSMC tem a pole position em um setor onde ser o número 2 muitas vezes não é bom o suficiente”, comenta ele. “Continuamos acreditando que está entre as melhores ações em mercados emergentes.”
Ou será, eventualmente.
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