De uma ideia ambiciosa de moeda digital global única a um final doloroso

Ao longo de sua história relativamente breve, o projeto de ativos digitais do Facebook Diem (conhecido inicialmente como Libra) conseguiu atrair a atenção da comunidade de criptomoedas e, talvez mais importante, dos reguladores globais.

Ao longo dos anos, mudou seu conceito, missão e ideia central várias vezes, enquanto os cães de guarda alegaram que trabalha contra a soberania financeira e a estabilidade monetária. Além disso, havia preocupações com a falta de privacidade, dado o histórico do Facebook.

Apesar das várias transições pelas quais o projeto passou para se manter relevante, o grupo por trás do Diem acabou tendo que vender seus ativos de propriedade intelectual e tecnologia para a instituição financeira americana – Silvergate Bank. Assim, a ideia de Zuckerberg de lançar uma única moeda digital global falhou dolorosamente.

O Nascimento de Libra

Tudo começou em junho de 2019, quando Morgan Beller, David Marcus e Kevin Weil criaram o Libra – um projeto de ativos digitais apoiado pelo Facebook. Inicialmente, a intenção era emitir uma stablecoin, pois a equipe por trás dela aumentava as esperanças de que ela pudesse crescer e se tornar um método de pagamento global.

A iniciativa foi recebida com sentimentos contraditórios da comunidade de criptomoedas. Ser apoiado pela maior empresa de mídia social atraiu atenção significativa, mas nem sempre de maneira positiva. Embora houvesse alguns que acreditavam no projeto, a maioria duvidava que uma ideia tão ambiciosa algum dia veria a luz do dia.

No entanto, muitas empresas do espaço financeiro tradicional inicialmente apoiaram a ideia do Facebook. Alguns desses nomes incluíam PayPal, eBay, Visa, Mastercard, Booking Holdings e muito mais.

A certa altura, até o Banco da Inglaterra (conhecido como um grande oponente do universo das criptomoedas) argumentou que “Libra tem potencial para se tornar um sistema de pagamento sistematicamente importante”.

Em setembro de 2019, Mark Zuckerberg (cofundador e CEO da Meta/Facebook) garantiu que a stablecoin não seria lançada sem obter a aprovação dos watchdogs americanos. Logo após seu anúncio, autoridades financeiras da França, Alemanha e outras nações do G20 se uniram contra a Libra, dizendo que a moeda representa riscos significativos para os investidores e pode ser empregada em esquemas de lavagem de dinheiro.

O ex-presidente dos Estados Unidos – Donald Trump – também manifestou suas preocupações em relação ao projeto. Como um apaixonado defensor do dólar americano, ele opinou que a Libra pode prejudicar a “única moeda real” dos EUA.

Como resultado, vários parceiros começaram a abandonar o projeto, pois o PayPal foi a primeira empresa a sair. Além disso, até questões legais passaram a se concentrar quando uma seguradora com o nome Libra reivindicou a propriedade da marca registrada Libra. Esses foram alguns dos primeiros sinais de que o projeto pode não funcionar como pretendido.

De Libra a Diem

Apesar das críticas, Zuckerberg continuou apoiando a ideia. Ele até o defendeu em uma audiência no Congresso, mas viu pouco ou nenhum sucesso, e o projeto permaneceu um espinho no lado dos cães de guarda. Para distanciá-lo do conceito original, a equipe mudou o nome de Libra para Diem (a palavra latina para “dia”) em dezembro de 2020.

Naquela época, Stuart Levey – CEO da Diem Association, com sede em Genebra – confirmou que a mudança vem como uma consequência direta dos obstáculos regulatórios. Ele acrescentou que “o nome original estava ligado a uma iteração inicial do projeto que recebeu uma recepção difícil”. Levey divulgou ainda que a moeda Diem operaria um token lastreado em dólar de sinal.

No ano passado, vários desenvolvimentos sugeriram que o ativo poderia finalmente ver a luz do dia. Em abril de 2021, a equipe por trás anunciou que lançaria sua stablecoin até o final do ano sem especificar uma data exata.

Um mês depois, a Diem Association uniu forças com o banco americano amigo das criptomoedas – Silvergate Bank. Ambas as partes planejavam lançar uma stablecoin atrelada ao dólar americano. O primeiro também se mudou da Suíça para os Estados Unidos, o que foi considerado um passo na direção regulatória correta.

Em agosto, David Marcus – membro do conselho da Diem Association – divulgou que o projeto blockchain havia resolvido seus problemas com os reguladores dos EUA, pois havia garantido licenças em quase todos os estados. Ao contrário de Donald Trump, ele opinou que a existência de tal stablecoin poderia beneficiar aqueles que carecem de serviços financeiros e ajudar os EUA a manter o poder do dólar como moeda de reserva mundial.

A morte de Diem

Apesar de todas as promessas e ajustes, meses se passaram, e havia pouca ou nenhuma informação vinda do projeto, exceto por mais um sinal preocupante. No início de dezembro de 2021, David Marcus, chefe do projeto, disse que sairia no final do ano. Isso resultou em muita especulação sobre o futuro de Diem. No entanto, desta vez não foi sobre quando será lançado, mas mais sobre se algum dia será.

O que muitos consideravam inevitável neste momento aconteceu em janeiro de 2022, quando o projeto de criptomoeda da Meta (renomeado de Facebook) revelou que estava considerando a venda de seus ativos para devolver capital a seus investidores. Diem também entrou em discussões com banqueiros de investimento sobre a melhor forma de vender sua propriedade intelectual e ajudar os desenvolvedores a encontrar novos lugares para trabalhar.

Além da Meta, que detinha a maior parte da participação do empreendimento (cerca de 30%), alguns dos outros membros proeminentes da associação incluíam Andreessen Horowitz, Ribbit Capital, Union Square Ventures e Temasek Holdings Pte.

Logo após os relatórios iniciais, a Silvergate Capital Corporation adquiriu a propriedade intelectual e outros ativos de tecnologia relacionados à Diem Association por mais de US$ 180 milhões. Isso aconteceu menos de um ano depois que a instituição financeira americana apoiou o projeto da Meta. Falando sobre o assunto foi Alan Lane – CEO da Silvergate:

“Somos gratos a Diem e à comunidade de engenheiros e desenvolvedores que criaram essa tecnologia e a avançaram para sua evolução atual. A Silvergate está comprometida em continuar a promover a comunidade de código aberto que suporta a tecnologia, e acreditamos que os colaboradores existentes ficarão entusiasmados com nossa visão daqui para frente.”

Na sequência, Diem (criado como Libra) passou do entusiasmo à crítica, da excitação à reação regulatória, das grandes esperanças de transformar a rede monetária em um fim silencioso. E tudo aconteceu em dois anos e meio.

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Fonte: https://cryptopotato.com/diems-downfall-from-an-ambitious-single-global-digital-currency-idea-to-a-painful-end/