Brasil avança na regulamentação cripto, diz executivo da Hashdex

No ano passado, as reformas no Brasil legalizaram as criptomoedas como opção de pagamento, mas a comunidade criptográfica ainda espera por mais mudanças. O país ocupa o 7º lugar globalmente na adoção de criptomoedas, mas seus principais políticos geralmente têm pouco a dizer sobre a tecnologia. Um executivo da gestora de criptoativos Hashdex conversou exclusivamente com o BeInCrypto e compartilhou seus pensamentos sobre as estruturas legais do Brasil e o que podemos esperar no futuro.

Quando se trata de cripto, o Brasil tem um histórico misto. Em dezembro, o então presidente Jair Bolsonaro legalizou e regulamentou o Bitcoin e outras criptomoedas como opção de pagamento. O presidente assinou um projeto de lei de longo alcance depois que o Congresso deu sua aprovação. A lei estabelece uma estrutura abrangente para a negociação e uso de moedas virtuais no Brasil. No entanto, o progresso geralmente é de parar e começar.

O Brasil merece estar entre os 10 melhores em adoção de criptomoedas?

A comunidade cripto brasileira espera que esta reforma seja a primeira de muitas que favorecem o uso mais amplo de ativos digitais. Quão esperançosas as pessoas devem ser?

O presidente Lula da Silva, que assumiu o cargo em 1º de janeiro deste ano, foi menos claro do que seu antecessor sobre sua posição em cripto e blockchain. Ele falou muito pouco sobre a tecnologia na campanha ou no cargo. Aliás, uma pesquisa de EXAME revelou que nenhum dos 11 candidatos a presidente em 2022 incluiu criptoativos ou criptomoedas em seus planos.

Compare esse estado de coisas com a nascente eleição presidencial nos Estados Unidos. Vários candidatos à frente já declararam uma posição.

Mesmo assim, os brasileiros estão entre os principais usuários de criptomoedas globalmente, de acordo com a Chainalysis. O país ocupa a 7ª posição na tabela classificativa, superando todos os estados vizinhos da América do Sul e Central. Apenas os Estados Unidos superam o Brasil no Hemisfério Ocidental. 

Segundo Bruno Ramos de Souza, Head para EUA e Europa da Hashdex, as autoridades do país estão começando a entender a tecnologia. A Hashdex é uma empresa brasileira de gerenciamento de criptoativos que oferece uma variedade de produtos de investimento regulamentados para investidores institucionais e individuais que buscam exposição a criptomoedas.

“Os reguladores brasileiros estão progredindo no desenvolvimento de seu entendimento e regulamentação sobre cripto e a tecnologia associada”, disse Souza ao BeInCrypto.

“Autoridades como o Banco Central e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) têm se envolvido ativamente no estudo do setor cripto.”

Adoção institucional em ascensão

Está claro que os participantes do setor estão se movendo rapidamente. Em fevereiro, o banco mais antigo do Brasil fez parceria com a Bitfy para permitir que residentes paguem impostos usando ativos digitais. Em outubro passado, a Receita Federal registrou mais de 12,000 empresas no país declarando a propriedade de criptomoeda em seus balanços. Superando a contagem anterior de 11,360 empresas em julho. Então, claramente, o progresso está em andamento.

A Hashdex experimentou alguma diferença cultural ao operar no Brasil em comparação com outros países? Souza diz que a resposta é sim. É razoável esperar diferenças culturais ao operar em qualquer mercado, disse ele. Mas os reguladores locais tomaram medidas proativas e os resultados são evidentes.

“Os reguladores brasileiros já aprovaram produtos regulamentados com exposição à cripto. [E isso] facilita as conversas iniciais com prestadores de serviço, como administradores, contadores, bancos, formadores de mercado, participantes autorizados, distribuidores etc.”, disse Souza.

O nível de adoção institucional também ajuda, explicou. “Como no Brasil a maioria das instituições financeiras mais proeminentes já estão no espaço cripto, geralmente é mais fácil desenvolver relacionamentos e criar produtos inovadores e eficientes que possam ser oferecidos ao público em geral.”

Souza comparou esse estado de coisas a outras jurisdições que impuseram ônus mais pesados ​​às empresas. Esses fardos afetam tudo, desde “tarefas simples, como abrir uma conta bancária, até conversar com investidores e levantar capital”, disse ele.

DeFi's share of crypto transaction volume in top ten LATAM countries, June 2021-July 2022. Including Brazil.
Fonte: Chainálise

Uma jurisdição que se tornou notoriamente mais hostil às criptomoedas são os Estados Unidos. Nesta semana, a Comissão de Valores Mobiliários (SEC) processou as duas maiores exchanges de criptomoedas do planeta, Coinbase e Binance.

A indústria está atualmente lutando contra a SEC sobre se a maioria dos criptoativos são valores mobiliários. Uma designação altamente controversa em todo o setor. As bolsas buscam no exterior pastos mais verdes. Para alguns países, incluindo o Brasil, os problemas das criptomoedas nos EUA podem ser um ganho.

Um regime tributário complexo

Qualquer avaliação das perspectivas da criptomoeda no Brasil deve levar em consideração o código tributário. A tributação no Brasil é conhecida por sua complexidade. Tanto que alguns negócios querem ficar de fora. Até que ponto isso é um fardo para a indústria de ativos digitais?

“O sistema tributário no Brasil é realmente complexo”, disse Souza. “Mas as regras aplicáveis ​​aos instrumentos financeiros são um tanto diretas. A tributação da renda é muito menos complexa do que a tributação do consumo no Brasil.”

Souza apontou o exemplo de ETFs criptográficos e fundos mútuos, que as autoridades tributam da mesma forma que os produtos regulares de ações. Ele reconheceu que as transações criptográficas podem estar sujeitas a impostos sobre ganhos de capital. Mas as autoridades fizeram concessões.

“A Receita Federal do Brasil criou uma seção especial no formulário de declaração de imposto de renda para pessoas físicas e jurídicas declararem seus ativos criptográficos”, disse Souza.

A abordagem de Souza sobre a abordagem regulatória para cripto no Brasil é geralmente positiva. Mas ele vê espaço para mais progressos.

“A postura dos reguladores no Brasil ajudou e ainda ajuda [a promover] a adoção e aceitação de criptomoedas no Brasil. Os players do setor podem ajudar a fomentá-lo ainda mais, oferecendo produtos e serviços competitivos e seguros, aderindo a altos padrões de conformidade mesmo quando não são obrigados, sendo transparentes e fazendo um bom trabalho em geral”, disse ele.

No entanto, Souza concorda com muitos que a indústria precisa preencher grandes lacunas de conhecimento sobre o que faz.

“Educação é fundamental”, disse. “Os atores da indústria devem investir mais tempo e recursos na educação do público. De gestores de fundos de hedge a seu investidor de varejo habitual.”

Aviso Legal

Seguindo as diretrizes do Trust Project, o BeInCrypto está comprometido com relatórios imparciais e transparentes. Este artigo de notícias visa fornecer informações precisas e oportunas. No entanto, os leitores são aconselhados a verificar os fatos de forma independente e consultar um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.

Fonte: https://beincrypto.com/brazil-crypto-regulation-hashdex-executive/