Há um novo alvorecer criptográfico no Brasil. O colapso de uma das maiores exchanges de criptomoedas do mundo no início deste mês provocou os eventos atuais. A Câmara dos Deputados do Brasil aprovou na terça-feira um projeto de lei que visa aumentar a supervisão do setor de criptomoedas do país. A medida, proposta pelo senador Flavio Arns, é considerada um marco do governo brasileiro.
A proposta, que teria o setor supervisionado por um órgão federal indicado pelo governo, agora será submetido à aprovação do presidente Jair Bolsonaro. A proposta estabelece regras para transações envolvendo criptoativos, bem como penalidades para fraudadores. Além de multas e de um mecanismo para a chamada “mineração verde” do setor, fraudes com criptomoedas podem ser punidas com pena de dois a oito anos de prisão.
Congresso brasileiro aprova projeto de lei para aumentar regulamentação de criptomoedas
A legislação recém-aprovada não passou sem problemas. Durante a sessão, as emendas do Senado brasileiro ao projeto de lei foram objeto de discussão. O autor do projeto, Aureo Ribeiro, se opôs às emendas sugeridas. Ele argumentou que eles impediriam o mercado, especificamente o conceito de segregação de propriedade, que a Câmara acabou rejeitando.
A Lei das Criptomoedas estabelece regras regulatórias para regular os ativos digitais, proteção e defesa do consumidor. Além disso, aborda o combate aos crimes financeiros e a transparência das transações com criptomoedas.
De acordo com uma agência de notícias brasileira, a medida exigiria que todos os provedores de criptografia ativos localmente tivessem uma presença física no Brasil. As novas restrições se aplicariam a empresas legais que trocam moedas virtuais por fiduciárias ou moedas locais. Além disso, aborda a troca de ativos virtuais com emissores ou fornecedores de ativos virtuais.
Segundo dados da Chainalysis de 2022, o Brasil é um dos 10 mercados cripto mais ativos do mundo. O ato regulatório cripto terá um impacto profundo no mercado cripto como um todo. Conforme exigido pelo PL, o Poder Executivo desenvolverá normas de padrão internacional para proibir lavagem de dinheiro, ocultação de ativos, atividade de organização criminosa e financiamento do terrorismo.
Pela lei, os órgãos designados pelo Executivo serão responsáveis por autorizar o funcionamento das corretoras e determinar quais ativos serão regulados.
Congresso aborda a segregação de criptoativos
As lideranças políticas da Câmara chegaram a um consenso na semana passada para prosseguir com a votação da iniciativa. O Congresso Brasileiro chegou à escolha sem abordar as partes mais controversas do texto. Esse segmento entraria em conflito com os objetivos de diversos participantes do mercado, principalmente a chamada segregação de ativos.
Segundo o deputado Expedito Netto (PSD), o Banco Central concordou em adiar a regulamentação da matéria para que todo o projeto fosse votado. Informalmente, vários políticos preferiram aceitar o projeto durante a presidência de Jair Bolsonaro (PL).
A preferência partiu do receio de que o novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) possa se opor ao assunto. No mundo das criptomoedas, a segregação de ativos é um mecanismo que garante aos investidores que seus recursos, mesmo quando custodiados em uma corretora, são deles.
O fracasso do FTX reintroduziu a segregação no discurso público. Sam Bankman-Fried, o criador da empresa, é suspeito de utilizar fundos de clientes para realizar atividades financeiras. Assim, se uma empresa declarar falência, esses ativos são devolvidos ao consumidor em vez de serem usados para pagar os credores.
Na versão aprovada pelo Senado do PL 4,401/21, as corretoras eram obrigadas a implementar a segregação de ativos para impedir o acesso não autorizado aos ativos dos clientes. O relator do PL na Câmara, deputado Expedito Netto, retirou essa cláusula e afirmou que seria do interesse dos consumidores que as empresas tivessem liberdade para operar como bem entendessem.
Mudanças adicionais devem vir com o projeto de lei
A Câmara dos Deputados do Brasil também abordou controversas cláusulas criptográficas. O Congresso elimina o dispositivo que exige que as exchanges criem um CNPJ e informem o Banco Central assim que o projeto for aprovado.
Além disso, os legisladores no Brasil eliminaram a isenção de impostos para mineração de criptomoedas com energia limpa da versão do Senado. Expedito Netto afirmou que os problemas tributários devem ser tratados em projetos específicos e que o Congresso já está discutindo várias leis de energia sustentável.
A Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto), coligação das maiores corretoras do país, se posicionou publicamente contra a retirada das emendas do Senado ao Projeto de Lei 4,401/21.
A legislação criptográfica do Brasil terá grandes repercussões em todo o ecossistema criptográfico. Investidores cripto no Brasil agora podem investir confortavelmente no mercado, sabendo que seu governo tem seus melhores interesses em mente. Atualmente, o fracasso da FTX levou governos de todo o mundo a considerar maneiras de regular a indústria de criptomoedas. A iminente regulamentação do mercado descentralizado de ativos digitais está mais evidente do que nunca.
Fonte: https://www.cryptopolitan.com/brazils-chamber-of-deputies-pass-crypto-law/