Equipe de Lula quer frear venda de ativos de gás natural da Petrobras

(Bloomberg) -- A Petrobras, gigante estatal do petróleo, deveria abandonar os desinvestimentos planejados em refino e gás natural e se expandir nessas áreas, de acordo com um relatório detalhado da equipe de transição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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O documento, elaborado no final de 2022 por um grupo de especialistas em energia alinhados a Lula, recomenda que a Petrobras inicie negociações com o órgão regulador antitruste do Brasil, conhecido como Cade, para interromper as vendas de ativos planejados, incluindo um grupo de refinarias e uma participação de 51% na empresa de dutos Transportadora. Brasileira Gasoduto Bolivia-Brasil, ou TBG.

Refere ainda a criação de um operador nacional de gás para garantir um abastecimento estável em todo o país. O novo governo pretende revisar o marco regulatório do gás natural no Brasil para incentivar maiores investimentos e resolver gargalos de abastecimento.

As recomendações de política, que foram enviadas ao Ministério de Minas e Energia e revisadas pela Bloomberg, incluem fazer com que a Petrobras se reafirme no setor de gás natural após anos de enxugamento. A Petrobras vendeu três redes de gasodutos nos últimos anos como parte de um programa mais amplo para tornar o mercado mais competitivo.

A equipe de transição para energia – que incluiu o novo presidente-executivo da Petrobras, Jean Paul Prates – criticou a nova estrutura do gás, dizendo que ela marginaliza a Petrobras e limita a quantidade de investimentos, enquanto corre o risco de criar monopólios regionais.

O Ministério de Minas e Energia do Brasil não respondeu imediatamente a um pedido de comentários sobre se seguirá as recomendações, que não foram tornadas públicas. Membros da equipe econômica de Lula fizeram comentários favoráveis ​​ao mercado na semana passada para aliviar as preocupações dos investidores sobre a intervenção do Estado e os gastos perdulários. Prates, por exemplo, negou que o governo vá interferir no preço dos combustíveis da Petrobras, uma grande preocupação dos investidores.

O relatório menciona que as operadoras de gasodutos precisam se preparar para volumes decrescentes da Bolívia e investir em infraestrutura, incluindo estações de compressão para lidar com mais importações de gás natural liquefeito. Outra prioridade é a Rota 3 da Petrobras, um gasoduto offshore crucial para expandir o fornecimento de gás de campos em águas profundas. O projeto foi adiado e deve elevar a oferta doméstica em 40%.

A invasão russa da Ucrânia derrubou o mercado global de gás, forçando o Brasil a competir com compradores europeus por cargas marítimas dos EUA, ao mesmo tempo em que paga preços mais altos pelo gás da Bolívia. O custo das importações de gás natural do Brasil aumentou 23% durante os primeiros onze meses de 2022, para US$ 4.8 bilhões, embora os volumes sejam menores graças à energia hidrelétrica mais abundante depois que as chuvas se recuperaram de uma forte seca em 2021.

O documento também recomenda que a Petrobras crie uma diretoria executiva para focar em novas fontes de energia, seguindo pares globais como BP Plc e TotalEnergies SE. Uma ideia é dividir a divisão downstream em uma para refino e petroquímica e outra para gás natural, energia e renováveis.

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Fonte: https://finance.yahoo.com/news/lula-team-wants-halt-petrobras-200704108.html